História do mosteiro

Te Deum Laudamus!

O presente texto relata um pouco da história da vinda das Monjas Passionistas da Itália para o Brasil e a fundação do Mosteiro Santa Gema, contada pela nossa saudosa Madre Angélica do Preciosíssimo Sangue, uma das sete fundadoras, e conta também com o acréscimo de algumas notas de outros textos encontrados no arquivo do próprio Mosteiro.

Ad maiorem Dei gloria!

Respeito à fundação do mosteiro das Monjas Passionistas no Brasil, foi-se dito alguma notícia em sucinto, mas silenciou-se o mais importante, silenciou-se o que revela as inúmeras misericórdias e maravilhas que Deus operou a favor dela. Por ser eu que escrevo, uma das sete que tomaram parte a ela, e agora com a tarda idade de 89 anos, talvez não lembre algum caso relevante de muita importância e também as datas com precisão, em todo o caso vou relatando o que lembro.

O Padre Cândido Ghiandoni Passionista italiano, missionário muito fervoroso residente no Brasil, foi o idealizador desta fundação; ele desejou tanto as Monjas Passionistas contemplativas de clausura no Brasil com tanto empenho, que afinal, Deus lhe concedeu realizar este santo desejo do modo seguinte: tendo este Padre muita amizade com o Bispo da cidade de Botucatu Dom Carlos Duarte Costa, um dia ficou sabendo que o dito Bispo iria para Itália na visita ad limina, e que então aproveitaria para trazer ao Brasil os Padres Missionários da Consolata, os Dominicanos… O Padre Cândido não deixou escapar esta oportunidade de falar ao Bispo das Monjas, que logo aderiu, e foram juntos para Itália.

Um belo dia, a comunidade das Monjas Passionistas de Nápoles (Itália) recebeu uma inesperada visita; os visitantes eram: o Padre Cândido, o Provincial dos Passionistas de Nápoles – Pe. Lucas, os quais acompanhavam o Bispo Dom Carlos de Botucatu. Foram recebidos com muito prazer e alegria pela Superiora e Comunidade. O Bispo revelou junto aos Padres o motivo da sua visita que era o desejo de pedir, se fosse possível, algumas religiosas para uma fundação que ideava fazer no Brasil. A Superiora radiante de alegria não só aceitou a proposta mas até falou: Excelência, a Comunidade toda está aqui presente, pode escolher livremente as religiosas que deseja levar para o Brasil, e ele respondeu: invoquemos antes o Divino Espírito Santo, o que logo foi por todos invocado. Depois, ele apontou com o dedo as religiosas que queria, eram oito, uma, porém não foi, porque os seus familiares não quiseram. [1]

No número das sete estava também eu incluída. A esse respeito, ouso relatar uma graça importante que recebi da infinita misericórdia de Deus. Quando o Bispo na escolha apontou a mim, não gostei, porque não me sentia disposta a ir tão longe assim e, contrariada falei: se é vontade de Deus! E eles responderam que era; mas isto não bastou porque sentia em mim uma grande revolta que durou até o dia seguinte. Na hora da Missa, pedi socorro a Deus porque não queria agir contra a sua vontade, mas,  e aquela revolta que sentia? Fiz a Santa Comunhão em honra de todos os Santos do Paraíso pedindo socorro e ajuda confiando na intercessão deles. Depois da Missa, oh! Maravilha! Que mudança! Aquela tempestade interior tinha desaparecido como por encanto! E em seu lugar, uma grande paz envolvia a minha alma unida a um ardente desejo de ir ao Brasil quanto antes; desejo tão firme que, apesar das tantas peripécias que acompanharam esta fundação, nunca me arrependi de ter vindo a esta bendita terra de Santa Cruz! Deus seja louvado!

A Madre de Nápoles escreveu ao Geral dos Passionistas Padre Tito de Jesus, informando-o da nova fundação e de tudo como se deu; ele gostou muito, e porque o novo mosteiro ainda não existia e o Bispo não queria demora, o Geral escreveu à Provincial das Irmãs Passionistas de vida ativa Madre Anunciata (italiana) residente em São Paulo no Brasil pedindo-lhe se podia receber em sua casa por algum tempo as Monjas enquanto o Bispo lhe arrumaria uma casa provisória; a Provincial com imenso prazer aceitou prontamente.

O dia 13 de novembro de 1936 foi o dia da partida. [2] O Padre Geral veio a Nápoles de propósito dando-nos paternas recomendações dizendo também de irmos alegres porque Jesus nos estava esperando no Brasil de braços abertos. Junto com um outro Padre nos acompanhou até o navio[3]; aí conversou com o Padre Capelão, pediu-lhe que olhasse e nos assistisse, o qual prometeu e foi fiel.[4]

O dia 21, festa da Apresentação de Nossa Senhora, conforme a Santa Regra, em pleno mar, renovamos os Santos Votos; o Pe. Capelão nos falou tão bonito! Também Madre Ana e Irmã Serafina, em pleno mar, prepararam dois meninos italianos para a Primeira Comunhão.[5]

Depois de 13 dias de viagem, na tarde do dia 26, chegamos ao Porto de Santos, no qual estavam esperando-nos a Madre Provincial com duas de suas assistentes: Irmã Cecília e Irmã Ângela; o Padre Cândido, Monsenhor Jannetti italiano e Irmão Lucas Passionista, que logo tomou conta das nossas bagagens para levá-las à sua destinação.

[1]As monjas destinadas para a nova fundação foram: Madre Gema do Divino Amor, Madre Ana de São José, Madre Francisca das Cinco Chagas, Co-irmã Angélica do Preciosíssimo Sangue, Co-irmã Serafina do Santíssimo Sacramento, Irmã Gabriela da Virgem das Dores e Irmã Imaculada de Santa Gema.

[2] As religiosas deveriam seguir para a nova fundação no dia 17 de outubro deste mesmo ano, festa da Transladação do corpo de N.Santo Pai, mas não foi possível, sendo transferida para o dia 13 de novembro.

[3] O navio chamava-se Netúnia.

[4] Na saída do porto da Itália, juntamente com duas irmãs Paulinas, entoaram o hino Stella Maris.

[5] Além de prepararem essas duas crianças para a Primeira Eucaristia, as Irmãs, aproveitando a ocasião, procuraram difundir o bom odor de Cristo Crucificado e as dores de Nossa Senhora aos passageiros.

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