Testemunho de Vida

Inicialmente, queremos através desta página, apresentar o testemunho de vida de nossas irmãs que nos precederam como Monjas Passionistas até chegar em nossos dias com o testemunho vocacional. Para nós, a vida de cada uma delas é uma riqueza e elas nos tem muito a ensinar!

Irmã Maria Clementina do Coração de Jesus

A minha alma glorifica ao Senhor!” (Lc 1,46)


Emma nasceu na cidade de Salto, interior de São Paulo, às 7hs. da manhã do 13 de abril de 1928, com sua irmãzinha Iracema – gêmeas de 7 meses.

As vizinhas que iam visitar a mãe comentavam que as gêmeas não sobreviveriam 8 dias.

Foram batizadas no oitavo dia.

A pequena Emma, desde os cinco aninhos desejava ser religiosa. Entrando na Igreja viu a imagem de Santa Teresinha do Menino Jesus. Ficou encantada e se perguntava se ela também não poderia tornar-se freira.

Aos 16 anos ingressou na Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria, no Colégio de Campinas. Após mais ou menos dois anos e meio, no final do curso escolar foi passar as férias com a família, conforme o costume da Congregação.

Nesse período nossa jovenzinha viveu um grande sofrimento, pois lhe assaltou a dúvida: queria realmente regressar ao Colégio?

Alguém lhe ofereceu um folhetinho da então, Beata Gema Galgani. Assim que fitou o santinho da Bem-aventurada sentiu-se tocada no mais íntimo do ser. Tendo lido o folheto, foi tomada de um intenso desejo: ser religiosa dessa Congregação, na qual a Bem-aventurada Gema queria ingressar e não conseguiu. Começou a rezar intensamente, pedindo à sua querida nova amiga, lhe alcançasse de Deus essa grande graça.

Mas, o tempo passava e a graça não vinha. Já fazia quase um ano que Emma estava com os seus; além disso, ela supunha que para ser uma dessas monjas, seria muito complicado, talvez o mosteiro das passionistas só existisse na Itália. Emma cansou-se e não continuou insistindo. Disse de si para si: Ela é santa, se quiser alcançar-me a graça, ela se vira.

Mas a saudade do Colégio também batia à porta do seu coração; a dúvida cresceu e o sofrimento aumentou.

Num determinado dia teve início na sua cidade uma Missão Popular pregada pelos Missionários Passionistas. Emma, logo no primeiro dia foi falar com um dos sacerdotes. Expôs-lhe seu conflito e este lhe respondeu com a pergunta: “Você quer ser monja passionista?”. Ela vibrou e, entusiasmada, respondeu: Sim, quero ser!

O missionário lhe falou das monjas e de seu mosteiro na cidade de Botucatu. A resposta de Gema era perfeita. Agora só faltava enfrentar o drama principal: contar a seus pais.

Sua mãe ficou revoltada, foi à Igreja queixar-se ao Senhor: “Senhor, por que esses padres têm que levar a minha filha?” Ouviu no seu coração: “Deixa, sou Eu que a chamo.” Perfeitamente em paz e até feliz, de volta a casa, passou pela loja e comprou vestidos e o enxoval para sua querida filha.

No dia de sua partida, 06 de fevereiro, uma de suas irmãs prontificou-se para acompanhá-la, mas seu pai interveio: “Eu vou com ela.” Emma tinha, então, vinte anos.

Chegaram à noite ao mosteiro. Às madres, a jovem parecia tão delicada e fraquinha que a receberam apenas em atenção ao pai. Pernoitaram no Hotel e, na manhã seguinte, participaram da Santa Missa no mosteiro, às 7hs. Em seguida, as monjas a receberam na clausura.

Imediatamente foi ao locutório para consolo de seu papai, que lembrava o Patriarca Abraão.

Com a graça de Deus e o auxílio da Santíssima Virgem, de São José, de São Paulo da Cruz e de Santa Gema, nossa querida jovem venceu todas as provações, consagrando-se ao Esposo Crucificado.

Emma, como religiosa, recebeu o nome de Irmã Clementina do Coração de Jesus, Coração Santíssimo que ela tanto amou e honrou durante toda a sua vida.

Na Comunidade do Mosteiro Santa Gema, desempenhou diversas funções e ajudou na fundação do Mosteiro Nossa Senhora de Fátima e também por 15 anos no Mosteiro da Argentina.

Foi sempre alegre e gostava muito de ler e contar histórias e parábolas. Levava a sério seus trabalhos, dedicando-se, se preciso, longas horas de trabalho, não medindo esforços. Era a “alegria” da irmã responsável pela cozinha pois sempre ia ajudar a secar a louça ou cortar a verdura bem fininha, como só ela conseguia fazer!

Tinha uma grande habilidade para trabalhos delicados e de suas mãos saiam lindos bordados.
No ano 2000, celebrou suas Bodas de Ouro de Profissão Religiosa com toda a Comunidade reunida e seus familiares e amigos, aos quais dedicava um grande carinho e amizade.

Ir. Clementina tinha a saúde bem frágil, mas sempre participava dos atos comuns e seguia o ritmo da vida do Mosteiro. No ano de 2009 começou a sofrer de trombose venosa aguda. Devido a este diagnóstico, esteve por várias vezes internada. No hospital, era a alegria de todos. As enfermeiras ficavam encantadas com aquela “vozinha” tão pequena, delicada e sorridente, e todas faziam amizade com ela e a chamavam de “Emma fofa”.


Nos últimos tempos, foi se enfraquecendo muito, precisando até mesmo de ficar na cadeira de rodas. Mas quando ela estava bem e disposta, ao invés de usar a bengala, usava a cadeira de rodas para apoio e andava para baixo e para cima empurrando o seu “carro”.

Na manhã do dia 06 de agosto, primeira Sexta-feira do mês, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus e Festa da Transfiguração do Senhor, Ir. Clementina amanheceu um pouco indisposta. Após o almoço, seu quadro piorou e logo foi levada para o Pronto Atendimento mais próximo, mas antes mesmo de sair das dependências do Mosteiro, ela deu o seu ultimo suspiro, o seu Esposo Amado veio buscá-la.

Aquela a quem tinham dificuldade “em dar” 8 dias, pela graça de Deus, viveu 83 anos!

No dia 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, a qual Ir. Clementina amava ternamente foi celebrada a Santa Missa em memória dos 60 anos de sua Profissão Religiosa e em seu sufrágio. Participaram os parentes e muitos amigos dela e da Comunidade.

Te Deum laudamus!

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