Testemunho de Vida
Inicialmente, queremos através desta página, apresentar o testemunho de vida de nossas irmãs que nos precederam como Monjas Passionistas até chegar em nossos dias com o testemunho vocacional. Para nós, a vida de cada uma delas é uma riqueza e elas nos tem muito a ensinar!
Irmã Maria José da Sagrada Paixão
Irmã Maria José da Sagrada Paixão, Yoshiko Tomiama (para a família e civil) e Geny para os amigos, é filha de imigrantes japoneses. Nasceu no interior de São Paulo, Promissão, no dia 19 de julho de 1931 (no registro consta 15.12.1932). Sua família morava numa chácara e era de tradição budista. Foi a sua irmã mais velha, Terezinha, que levou toda a família para o catolicismo.
Para a Igreja, Terezinha precisava ir ás escondidas. Ela e Yoshiko sempre aproveitavam o período após a aula de corte e costura, na cidade, para irem até a Igreja.
Yoshiko foi batizada no ano de 1941 e contava com 10 anos de idade e 4 anos mais tarde, a jovem recebeu o Sacramento da Crisma.
Na sua juventude, Yoshiko veio para São Paulo morar com sua irmã Terezinha, mas, sentindo falta de seus pais voltou para Promissão onde desempenhava sua profissão costurando e ensinando primorosamente.
Em 1953 conheceu as Irmãzinhas da Imaculada Conceição, congregação fundada pela Santa Madre Paulina. Lá, teve a graça de conviver com as religiosas e de se tornar noviça.
O conhecimento das Monjas Passionistas deu-se por intermédio dos Missionários Passionistas da Igreja do Calvário, São Paulo. E, à medida que conheciam e aprofundavam mais na espiritualidade de São Paulo Da Cruz, crescia nelas o interesse e amor por Deus. Precedida por sua irmã caçula, Mitsuye Tomeyama- Ir Maria Inês da Divina Eucaristia, já então noviça, no ano de 1962 entrou para o Mosteiro Santa Gema.
Fez sua primeira Profissão no dia 21 de novembro de 1964, dia tão querido ao Santo Fundador em que toda a Igreja celebra a Solenidade da Apresentação de Nossa Senhora no Templo e, recorda aos religiosos, aquela que primeiro se consagrou a Deus.
Na Comunidade, exerceu diversos trabalhos. Foi enfermeira, porteira, rodeira e sobretudo responsável pela costura, bordados e pinturas – sendo uma exímia, delicada e prestimosa artista.
Desde 1980 Irmã Maria José não se sentia em condições de seguir a Comunidade nos diversos atos comuns, mesmo após prolongado tratamento de saúde. Consta que antes de seu ingresso no Mosteiro foi operada de úlcera de estômago; no Mosteiro sofria também de problemas na coluna, hipertensão e diabetes que, apesar de todo o cuidado afetou-lhe as vistas e danificou fatalmente os rins.
Fez uso da licença da Regra concedida às enfermas, quando necessário, de usar o hábito de cor cinza. Nos últimos meses de sua vida, quando pedia a Irmã sua enfermeira orações para que Deus a buscasse; esta aproveitando o ensejo perguntou-lhe com que hábito queria ser revestida quando isso ocorresse: o cinza ou o preto. Ela respondeu prontamente: “o preto, é claro”.
No último ano de sua vida, em que tivera a graça de completar 80 anos, data que foi por ela, pela nossa comunidade, família e amigos tão festejada, sua saúde agravou-se ainda mais. Decorrente da diabetes, quase não enxergava, submetendo-se a diversos tratamentos com lazer para não perder totalmente a visão. Depois veio a insuficiência renal, obrigando-a a começar a fazer hemodiálise 3 vezes por semana. Ainda decorrente da diabetes e da má circulação, teve o pé necrosado; viu-se obrigada a aceitar a amputação da perna esquerda pois, sentia dores atrozes.
Ir. Maria José esteve, dos 80 aos 81 anos muito próxima e assemelhando-se a Jesus na Cruz, não podendo se locomover mais sozinha, somente com a cadeira de rodas e permanecendo a maioria do tempo em seu leito de dor, suportando tudo serena e tranquila, unindo-se ao seu dileto Esposo. Viveu realmente o seu sobrenome religioso: da Sagrada Paixão.
Dentre diversos fatos ocorridos neste período, vale a pena recordar dois deles.
Um dia, Ir. Elza estava arrumando seu quarto e ela disse: “ vocês não estão vendo’ eu estou indo”. Então a Irmã perguntou-lhe: “ Para onde..” e a enferma respondeu: “ Para o céu!” e a acompanhante a indagou: “Mas quem disse…” e ela ajuntou: “Deus!”.
Ainda pediu para que avisasse a sua irmã Terezinha e a Irmã que a escutava disse: “ Você então vai avisá-la”. Trouxe-lhe o telefone e da mesma forma que já tinha falado, repetiu para sua irmã de sangue, Terezinha.
O outro fato ocorreu na sua última internação. Sempre permanecia uma irmã com ela no hospital 24hs por dia, desta forma, a Comunidade ia se revezando para prestar todos os socorros a enferma. De repente ela, que pela extrema debilidade dava a impressão de que poderia expirar a qualquer momento, abre os olhos e, com o semblante animado, cheio de vigor chama a atenção da Irmã que estava de pé ao seu lado: “Eh! Eh!”. A Irmã olha e pergunta: ‘ O que foi..”. Ela responde: “O Menino Jesus!”, dando ao mesmo tempo um sinal de que Ele estava ao lado da religiosa, à altura de sua cabeça, como que estranhando de que a Irmã não O tivesse vendo. Passados alguns instantes, repete-se a cena:”Eh! eh!”. Desta vez, dizia que Nossa Senhora estava lá, olhando e apontando para a mesma direção. Novamente: “Eh! eh!”. “O que foi..” “O Menino Jesus!”. “Ele está aqui também..” “Está aqui!. A Religiosa perguntou: “ O que o Menino Jesus está fazendo..” Ela respondeu: “Está pintando”.- “E Nossa Senhora..” “ Está bordando”. “E São José, está aqui também..” Ela com vivacidade responde: “Está aqui também”. A Irmã perguntou: “ A pintura do Menino Jesus é bonita..” Ela respondeu com entusiasmo contagiante:” È bonita!” – “ E o bordado de Maria..” Com idêntico entusiasmo: “ È bonito!”.
Da mesma forma ocorreu, passados uns cinco minutos, esta mesma cena com Jesus. Por fim, ela pediu umas cinco vezes para que Jesus viesse buscá-la e, como não recebendo uma resposta, com serenidade, perguntou a acompanhante: “Por que Jesus não vem me buscar..”.
Cabe a nós agradecer a Deus, pelos 48 anos que a tivemos ao nosso lado na Comunidade e pedir, que na sua misericórdia, a acolha ao seu lado, no Céu, lugar pelo qual ela tinha firme esperança de um dia chegar.
Recebeu diversas vezes o Sacramento da Unção dos Enfermos e uma dia antes de morrer, recebeu-o novamente com indulgência plenária em artigo de morte, na véspera de seu passamento que se deu tão suave e quase imperceptivelmente às 11:30hs do dia 21 de agosto de 2012. Sendo sepultada no dia 22 de agosto, em que celebramos a Festa de Nossa Senhora Rainha, como também Rainha da Congregação Passionista.
No dia 21 a noite, o nosso Bispo Diocesano Dom Ercílio Turco veio ao Nosso Mosteiro e rezou com a Comunidade o terço pela alma de nossa Irmã e fez a Encomendação. Em seguida, Pe. José Eduardo Oliveira, Sacerdote da nossa Diocese, celebrou a Santa Missa em sufrágio de sua alma. No dia 22, às 10:00hs, Pe Vittorio Saraceno SSP, Nosso Confessor, celebrou a Missa de Exéquias.