Um Mosteiro Passionista desconhecido
Há um mosteiro passionista, fundado por São Paulo da Cruz, cuja ereção data dos inícios da Congregação, ainda abrigada em eremitérios.
Este mosteiro tem uma Regra fundamental e um Breve Regulamento redigidos pelo Santo Fundador. Há uma verdadeira Rotina com as principais tarefas definidas, com horários adaptáveis ao estado de cada um. Anualmente há uma Reunião Espiritual de todas as almas devotas do mundo, especialmente com as pessoas que vivem sob o magistério de Santo Fundador. A formação carismática dos seus membros é semelhante à dos outros passionistas instituídos juridicamente, com treinamentos diários para o cumprimento da Regra fundamental.
Nosso Santo Pai apresenta este mosteiro à sua primeira filha espiritual, Agnese Grazi: “Escuta, minha Filha: Desejas um Mosteiro mais reformado, e porque vejo que este teu desejo é bom, e vem de Deus, por isso pensei em consolar-te com toda a facilidade, e por isso te dou permissão para entrar neste Santíssimo Mosteiro. […] O título é Mosteiro Divino”. A jovem imediatamente abraçou o teor desta vida monástica, alcançando altíssima perfeição.
Divisamos neste mosteiro duas escadas propostas, um ano antes à mesma jovem Agnese, “a escada do puro amor e do puro padecer”. As pessoas que ingressam neste misterioso mosteiro não precisam temer e menos ainda desanimar ao divisarem a escada do puro padecer porque, antes de sermos colocados pela Divina Providência nos primeiros degrauzinhos daquela escada já teremos galgado alguns degraus da escada do puro amor. Há uma misteriosa interligação entre estas duas escadas. Como o perfeito amor lança fora o temor, (cf. 1Jo 4,18) a cada degrau que perfazemos da escada do puro amor, diminui em nós o temor e aumenta o desejo de padecer com Cristo e por Cristo, para mais nos assemelharmos a Ele e a Ele nos unirmos em sua Paixão, para aumentar a nossa intimidade com o Senhor e a nossa cooperação na Obra da Redenção. “Pois à medida que os sofrimentos de Cristo crescem para nós, cresce também a nossa consolação por Cristo” (2Cor 1,5) Também “os Apóstolos saíram do Sinédrio radiantes de alegria por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus.” (At 5, 41) Padre Norberto, Diretor de São Gabriel de Virgem Dolorosa nos dissuade de ter compaixão das almas que se dão generosamente a Deus observando que essas pessoas não só correm, mas voam, inundadas de paz, alegria e consolações espirituais no caminho em que nós nos arrastamos penosamente. E que Deus não demora em responder com largueza seus pequenos sacrifícios. Por fim, o último degrau da escada do puro padecer dá acesso ao último degrau da escada do puro amor. Então, se realiza entre Deus e a pessoa o esponsalício espiritual. É tudo o que um ser humano possa desejar.
“O seu supremo modelo para identificar-se com amor a Jesus Crucificado é Nossa Senhora das Dores: “Aos pés da Cruz estava de Jesus estava Maria, sua Mãe.” (cf. RC,16; Jo 19, 25)
Ajuda muito vivenciar isto, pôr em prática as Máximas Espirituais do nosso Santo Pai, uma por vez, uma por dia, conforme a necessidade da alma. (Ver VOX PATRIS, Máximas Espirituais de São Paulo da Cruz Fundador da Congregação da Paixão. Padre Amadeu da Mãe do Bom Pastor). Também como treinamento diário temos o Alfabeto Monástico de São Vicente Maria Strambi. Como amostra copiamos abaixo três letras do Alfabeto. O texto completo encontra-se disponível em https://mosteirosantagema.com.br/alfabeto-monastico/
Atualmente a Comunidade consta de inúmeros membros, mas sempre há celas disponíveis, tanto para Leigos(as), Religiosos(as), jovens e anciãos, casados e celibatários, Seminaristas, Diáconos, Sacerdotes, Bispos e até para o Papa. Mas o que mais impressiona é que tem celas também para crianças, e o Santo Pai tem isso muito a peito.
O critério para o ingresso neste misterioso mosteiro é um grande desejo de alcançar a perfeição da caridade para com Deus e para com o próximo.
Título: Mosteiro Divino
Endereço: Sagrado Deserto Interior
Regra fundamental
Despojamento perfeito para ser revestido de Jesus Cristo.
- Deixar-se despojar de toda iluminação, de todas as novidades, inteligências, consolações interiores e exteriores, de todos os afetos e desejos.
- Nessa abnegação, ou mesmo na mais alta pobreza de espírito, deixar-se perder tudo, mergulhar e absorver da Vontade Divina, sem buscar o próprio prazer, pelo menos na parte superior da alma.
- Nessa pobreza, fazer atos de complacência nas infinitas riquezas de Deus e ter prazer em ser o mais pobre do mundo, fora e dentro.
- Nesta complacência, não deve desejar outro estado de oração, nem de outra coisa, senão aquele em que se encontra no momento presente até ao fim da sua vida.
- Examinar esta pobreza, que é riquíssima em todas as coisas boas, para ver se não há fidelidade em queixar-se nem fora nem dentro, com exceção da conferência necessária.
- Renovar com frequência tais atos de tal complacência. (Carta a Inês Grazi, 13.O5.1737)
O Breve Regulamento
O Breve Regulamento oferecido em primeiro lugar à jovem Agnese Grazi, celibatária e, em segundo lugar à sua cunhada Maria Giovanna Grazi, ampliado e adaptado à sua condição de esposa, é próprio para o Mosteiro Divino, oferece um exemplo de distribuição do tempo e das atividades espirituais na concretude do dia a dia com a mística da Paixão. A prática deste Regulamento leva a pessoa a viver em oração vinte e quatro horas, sem omitir nenhuma obrigação de estado. A meditação da Paixão é uma autêntica Lectio Divina estendida durante todo o dia. Este método de oração é excelente para gravar no próprio coração a Paixão Santíssima de Jesus. Desde o despertar até o adormecer tem-se diante de si o Senhor padecente, dirige-se o seu primeiro olhar ao Crucifixo, ao vestir-se ou despir-se considera-se “como Jesus foi vestido depois da flagelação” ou “despojado de suas vestes, antes de se estender sobre o leito e altar da Cruz”.
Situando na Escada de Guido II, a Leitura Espiritual antes do almoço e à noite antes do repouso, que prepara a oração do dia seguinte, refere ao primeiro degrau. No segundo, situamo-nos de manhã ao acordar e à tarde antes do jantar, com a Meditação. No terceiro degrau encontramo-nos várias vezes ao dia, aspirando o Ramalhete Espiritual e dialogando com o Senhor sobre o mistério da Paixão meditado, renovando memória – uma como que repetição inteligente que concorre para a sua impressão na mente e no coração. Ainda neste degrau as múltiplas Comunhões Espirituais sugeridas pelo Santo Fundador para aprovisionamento de energia, já que “a Eucaristia, memória vivente da Paixão de Jesus, é a principal fonte de sua força para perseverar na sua união de amor com Cristo Crucificado.” (RC, 17) Segue o quarto degrau, onde permanecemos com a nossa atenção amorosa em Deus deixando nossa alma repousar docemente disponível ao Senhor. Recomenda-se a participação diária à Santa Missa para os que podem, “senão paciência…” O texto completo está disponível em https://mosteirosantagema.com.br/regulamento-espiritual/
Alfabeto Monástico
Amar o desprezo e a injúria / quer dizer, estar sempre lutando / e, com o pé intrépido / a própria estima calcando. / Se desejas ao Céu chegar / e ter grande contentamento, / Isto te será mais útil / que cem louvores e mais um cento.
Julgas que alguém te persegue, / então deves como amigo estimar, / e ser como um advogado / daquele que de ti rir e zombar. Reflete que grande utilidade om isso adquirirás, / nestas ocasiões se alguém te faz sofrer / muitos bens lucrarás.
Zaqueu do século és tu / e das alturas descerás / pois ao vires junto de Jesus / sabedoria mais sublime aprenderás. / O caminho mais seguro, / se chegares ao Céu desejas / é ser dócil, manso e humilde. Assim seja.
Para refletir:
- Como está o meu Sagrado Deserto Interior? Eu habito a minha Cela interior? Como está a minha intimidade com o Senhor? As pessoas encontram a Jesus quando se aproximam de mim?
- A Regra Fundamental desse Mosteiro é também para mim? Eu aceito de todo o coração e de plena vontade os desígnios de Deus sobre mim? Colaboro com Deus que concede a sua graça aos humildes? Quero assemelhar-me a Jesus, manso e humilde?